domingo, 3 de setembro de 2006

MISSIONÁRIA - Amy Carmichael




Preena attempts an Escape.
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Comprando Crianças para Deus' é o resumo da vida missionária de Amy Carmichael, que mostrou uma obediencia total à vontade do Senhor. Esta obediência pôs Amy em contato com o tráfico de crianças, rapto, suborno, assassinato, processos, torutras e feitiçaria, ao lado de quase inacreditáveis respostas de oração e libertações miraculosas. A história demonstra que a coragem foi a marca registrada do ministério de Amy Carmichael na India. Bastava que ela conhecesse o que Deus queria que fizesse, para ir em frente sem hesitar ou preocupar-se com as consequências.
Quando criança, Amy aprendeu cinco lições muito importantes. Nessa história, vamos encontrar Deus exigindo de Amy a prática de cada uma das lições aprendidas dEle em dua infância. São lições que as nossas crianças, nos dias de hoje, devem também aprender.

 Suportando a Carga de Deus Junto com Ele

Há uma história muito comovente sobre Amy Carmichael, uma missionária britânica que foi para a Índia por volta de 1895. Lá conheceu a situação das meninas do templo. Quando um pai morria, queimavam o corpo da esposa também porque acreditavam que o homem precisaria dos serviços dela na outra vida. Com isso, as crianças ficavam órfãs. Os meninos não eram problema porque logo produziam renda, mas quem queria as meninas? Por isso davam as meninas para os deuses e as colocavam nos templos onde se tornavam prostitutas.


O coração de Amy Carmichael ficava angustiado ao ver essas meninas de doze ou treze anos servindo como prostitutas nos templos. Ela começou a lutar para tirá-las de lá. Conseguiu realmente tirar algumas de lá, e estava tão determinada no seu intento que o sacerdote do templo ficou preocupado e foi procurar os homens de negócio indianos. Estes foram falar com comerciantes ingleses influentes, que, por sua vez, procuraram os missionários ingleses e lhes disseram que uma pessoa do seu grupo estava criando problemas. Os missionários ingleses procuraram Amy e disseram: "Você terá de parar com isso". Ela perguntou: "E as meninas?", e eles disseram: "É verdade, isso é trágico, mas você está criando problemas e vai acabar nos prejudicando".

Naquela ocasião, ela estava lutando para tirar uma garota dessa vida no templo. Ela achava que o sacerdote principal do templo, sendo um homem religioso, certamente teria decência e compaixão; aos poucos, porém, foi entendendo através da expressão implacável nos seus olhos e das linhas inflexíveis do seu rosto que, para ele, a menina era um meio de ganhar dinheiro e que não abriria mão dela. 

Sentindo que todos estavam contra ela, Amy foi para seu quarto, uma simples moça missionária solteira, pôs-se de joelhos e disse: "Deus, esse problema não é meu. Já fiz tudo que pude e não está dando certo. Não é mais o meu problema".

Imediatamente ela viu o Senhor. Ele não estava ajoelhado debaixo de uma oliveira no Oriente Médio. Ele estava ajoelhado debaixo de uma árvore indiana, enquanto dois rios de lágrimas escorriam pela sua face. De repente, fixou o seu olhar penetrante em Amy e disse: "Amy, o problema não é seu. É meu. Só estou procurando alguém que me ajude a suportá-lo".

"Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades [angústias], e as nossas dores [tristezas] levou sobre si" (Is 53.4). Jesus as suportou - tomou-as para si mesmo. Lembre-se da história de Abraão, antes de Deus destruir Sodoma e Gomorra, como ele disse: "Esconderei de Abraão o que estou para fazer?" (Gn 18.17). Foi assim que Abraão foi levado a interceder. 

Esse entendimento mudou a minha vida. A única esperança para alguém que está sob minha responsabilidade é que o seu problema se torne o meu problema, de tal forma que eu o carregue dentro de mim. Quando isso acontece, não é meu problema realmente, é problema de Deus. Você recebe uma carga que pesa no seu coração. Você não consegue dormir tão bem como antes, começa a acordar várias vezes durante a noite. É uma profunda preocupação com um filho, uma criança, uma igreja, um membro da igreja, um amigo, um país. É uma carga, um peso no coração. 

Uma voz interior diz: "Eu lhe dei o privilégio de compartilhar o fardo que está no meu coração por um mundo perdido". É a isso que a epístola de Romanos se refere quando fala a respeito do Espírito Santo (Rm 8.26-27) que entra no indescritível sofrimento do coração de Deus e gera em nós um fardo que se expressa por gemidos inexprimíveis. Ele permite que entremos nisso. Tenho o privilégio de compartilhar a dor do seu coração. Há tremendo potencial nisso. 

Deus disse para Amy Carmichael: "O fardo realmente é meu, e estou procurando alguém que queria compartilhá-lo comigo". Percebeu a conexão? Se você cortar um fio elétrico, as luzes se apagam. É preciso estabelecer a conexão. De alguma forma, os relacionamentos interpessoais formam a conexão; quando ela não existe, acontece Sodoma e Gomorra. Eu preciso começar a minha oração dizendo: "Deus, onde é que me queres neste cenário? Onde é que me encaixo?" Não sou responsável por todos. Sou responsável por aqueles que Deus colocou sob meu encargo. 

O Amor Divino Capacita a Suportar

Voltando a Isaías 59, vimos que quando Deus não encontrou um intercessor, quando não achou um homem, ele mesmo se tornou um. Foi assim que "seu próprio braço lhe trouxe a salvação" (v.16). Será que eu também quero fazer parte da resposta? A única maneira em que posso fazer parte da resposta é participando do problema. "Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: ...ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co 5.14-15). Este é o amor de Cristo, não amor humano.

Lemos em Romanos 5.5: "Porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo...". Observe as quatro palavras "o amor de Deus". Quem está amando quem? Não podemos dizer. Pode ser Deus amando a mim, ou pode ser o meu amor por Deus. Há um mundo de diferença entre os dois. Há uma diferença entre a maneira de Deus amar e a nossa maneira de amar? Quanta diferença? O amor de Deus só é maior do que o meu? É diferente na quantidade ou na qualidade? 

A palavra comum no grego para "amor" não foi usada uma vez no Novo Testamento. Eros era o termo mais comumente usado para incluir qualquer coisa que fosse bonita, boa e verdadeira, além de ser utilizado para o amor entre um homem e uma mulher. Aristóteles chegou a dizer que é o amor que mantém os planetas nas suas órbitas.

Quando estavam escrevendo o Novo Testamento, os autores usaram uma palavra muito difícil de ser encontrada no grego clássico. Usaram essa palavra porque não tinha nenhum significado especial. O substantivo ágape e o verbo agapao descrevem o amor de Deus, o sujeito, a origem do amor. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira..." (Jo 3.16). Qual é a natureza do mundo para que Deus o amasse? O amor de Deus não é baseado na natureza do mundo; é baseado na natureza de Deus. É quem ele é, alguém que emana amor continuamente. Ele não ama por aquilo que nós somos, mas por causa de quem ele é. Não é que ele não nos valoriza. Ele aprecia o que somos. Porém amor ágape é o que você recebe na cruz: "Pai, perdoa-lhes..." Amor ágape é o que Estevão demonstrou. 

O amor de Deus deve nos encher com sua plenitude. É por isso que Paulo fala tantas vezes sobre plenitude. O plano de Deus é que sejamos cheios dele. Quando somos cheios da natureza de Deus, isso nos faz perder nossa liberdade? Não, é justamente lá que está a liberdade. A pessoa mais livre que já viveu nesta terra foi Jesus. Ele dizia: "Não faço nada por mim mesmo. Só posso fazer aquilo que vejo meu Pai fazer. Não vim para fazer a minha vontade; vim para fazer a vontade do meu Pai". Ele sentia pleno prazer e alegria nisso. É lá que encontro minha liberdade, minha plenitude, minha realização - a plenitude de Deus preenchendo todo o meu ser.

1 Coríntios 13 é chamado o capítulo do amor. Sempre pensei que esse capítulo me ordenava a amar. No entanto, não há nele uma ordem para amar. O texto só descreve como é o amor. "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver..." Observe: "se não tiver", não "se não fizer". Ágape não é uma coisa que você faz. É algo que você recebe. Conforme minha percepção, esse é o significado da graça. O que Jesus disse no último dia da grande festa em João 7 foi: "Se alguém tem sede, venha a mim, e beba... do seu interior fluirão..." O verbo é fluir. Quando esse amor flui para dentro de uma pessoa, logo vai romper para fora; quando isso acontecer, o rio de amor vai fluir para outra pessoa, que, então, vai ter de se abrir ou se fechar para o rio. 

De um modo ou de outro, a intercessão ajuda a abrir o caminho para o amor fluir de Deus, através de nós, para uma outra pessoa. Isso acontece mesmo que a outra pessoa não saiba nada a respeito daquele que está intercedendo nem da oração que ele fez. Observe as conversões e verá que em algum lugar alguém se ofereceu como um ponto de contato. Ninguém chega sozinho ao Reino. Todos nós entramos por meio de redes de relacionamentos. Eu gosto disso! Faz com que pertençamos um ao outro. É uma teologia maravilhosa, que se encaixa perfeitamente com a vida prática. Somos interligados uns com os outros.

Deus precisa de intercessores. Quem se disporá?

"O texto foi extraído e editado de uma mensagem ministrada numa conferência do Comitê Nacional de Oração da América em janeiro de 2007 no Texas, EUA."